terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Pouco sei

Pouco sei do tempo cronológico. Engraçado, pois o mesmo é o que pode ser contado, sendo agrupado em dias, meses, etc. Ou seja, logicamente, ele tinha que ter um maior entendimento de minha parte, visto que tem o intuito de facilitar a noção de passagem do tempo. Mas prefiro me aventurar no meu psicológico e assistir as primaveras passarem de acordo com o meu ver. Se eu estiver melancólica, os ponteiros se arrastarão, eu verei cada pequeno passo da escuridão e me encolherei até o dia raiar. Caso a juventude bater na minha porta, trazendo de bônus a alegria, o dia e a noite irão se confundir, visto que a tal exatidão irá voar. Pouco sei da felicidade. Engraçado, pois já a senti milhões de vezes. Senti sua presença acompanhada pelo amor e pela amizade, porém não consigo definir como ela é. Fiquei tão ocupada usufruindo os seus efeitos que o pensamento racional foi em vão. Pouco sei da falsidade. Engraçado, pois esta me decepcionou e tirou o azul do meu céu várias e várias vezes, mas ainda assim, não sei explicar a causa de sua existência e não pretendo me aproximar dessa escuridão. Pouco sei da vida. Não tem do que achar graça agora, já que realmente tenho pouco tempo de vida. Mas o meu maior medo é chegar aos 80 anos e repetir essa afirmação. De fato, muito pouco sei das coisas, mas irei um dia juntar todos esses pedacinhos e dizer: muito sei da vida, conheci um pouco de seus cantos e hoje tenho na memória todas as suas faces.

Gabriela Martelo

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