domingo, 17 de novembro de 2013

Outros amores

  Pegou-lhe as mãos e deixou o coração saciar o até então desconhecido tato. Olhou-o nos olhos e permitiu que os seus se afundassem naquele mar castanho, inda correndo o risco de se afogar. Afagou-lhe os cabelos, guiando as mãos ao aproveitamento daquele único momento, pois sua consciência era firme da possibilidade dos sentimentos não correspondidos.
   Essa instabilidade não interferiu no seu modo de agir. Entregou-se por completo, na sombra das estrelas, inspirando o ar da noite que a consagrou. Seu corpo era o seu caminho para a loucura, os lábios falavam a língua da paixão, os suspiros eram sinônimos de exaustão. Comportamentos completamente renováveis, pois por mais que tenha se entregue e se decepcionado, nas outras chances que a vida lhe dá, reage como um bebê que o mundo acabara de receber. 
   Cada amor é único, cada amor é um tesouro. Ela o abraçou, desejando que o efêmero não existisse, que a noite não virasse dia, que a lua se congelasse e nunca mais se despedisse. Pegou-lhe as mãos pela última vez, registrando cada marca, cada pegada, cada átomo da escuridão que a cercava. Deixou-se ir, sentimentos prematuros de saudade, desejando um dia aprender com a idade.

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